Investimento é um tema que vem sendo cada vez mais desmistificado no Brasil. Nos últimos anos, o número de CPFs cadastrados nas principais modalidades do mercado financeiro do país tem crescido vertiginosamente. Para se ter uma ideia, a quantidade de pessoas físicas que fazem parte da Bolsa de Valores chegou a 3 milhões em setembro, aumento de 80% quando comparado a 2019. No entanto, apesar de a presença feminina ter saltado de 130,2 mil (em 2016) para 779,3 mil (em 2020), ainda representa apenas 25,4% do total das contas na B3.
Para tentar mudar esse cenário, a Voga Invest, escritório de investimentos em Brasília associado à corretora XP, criou o Mulheres em Voga, projeto para incentivar a participação feminina no mundo das finanças. A proposta é coordenada pela especialista em investimentos Maria Helena Sother e desenvolvida com o apoio de mais nove associadas da empresa.
Na avaliação da especialista, a ausência feminina não é uma questão de habilidade, mas de cultura. “Em muitas casas, por um questão de tradição, quem cuida do patrimônio são os homens. As mulheres trabalham, cuidam da casa, dos filhos e da administração do lar. Sem dúvida, o que mais afasta as mulheres das finanças é a rotina”, explica.
Pensando em formas de estimular o interesse desse público, o grupo lançou em junho deste ano o perfil @MulheresemVoga no Instagram, espaço em que compartilha lives, vídeos e uma série de conteúdos e dicas para quem deseja entender um pouco mais sobre investimentos. Além disso, em breve, o projeto contará com um canal no YouTube para divulgação de palestras e workshops sobre o tema.
“Nosso objetivo não é ter um número gigante de seguidores ou inscritos, mas, de fato, fazer diferença na vida de quem nos acompanha, pessoas que realmente queiram aprender”, explica Maria Helena.
Todas as quartas-feiras, mulheres especialistas de diversos mercados participam de transmissões ao vivo para falar sobre desafios, conquistas, experiências de aplicação e educação financeira de forma geral.
Em outro quadro do projeto, o “Papo de Bolsa”, as associadas se reúnem presencialmente com convidadas para dar orientações sobre investimentos e mundo financeiro. Tudo isso em um ambiente descontraído, com papo leve, acompanhado por algumas taças de vinho.
Foi por causa da bandeira levantada pelo Mulheres em Voga que a consultora de arquitetura Ivelise Longhi, de 64 anos, começou a se interessar pelo mercado financeiro e a diversificar os investimentos.
“Me casei há 42 anos. Eu e meu marido éramos servidores públicos, e logo tivemos filhos. Nossa preocupação era dar boa educação para eles e guardar alguma coisa, mas sempre de forma muito conservadora, como a poupança”, lembra. Ela conta que conheceu Maria Helena e, imediatamente, sentiu o desejo de sair do convencional, de aprender mais e de ver o dinheiro, poupado com tanto esforço, render mais.
“Tirei os investimentos dos bancos, pois via que era muito tradicional. Como são tantos clientes, os gerentes não conseguem dar uma atenção maior. Por exemplo, no banco, eu tinha um rendimento de 91% com CDB. Ou seja, estava quase perdendo dinheiro, enquanto outras carteiras pagam 136% dentro do próprio CDB”, pontuou.
Aos 64 anos, a aposentada revela que precisou vencer as dificuldades com a tecnologia e a internet. Atualmente, é ela quem faz a administração do patrimônio do casal, com carteira de investimentos diversificada e seguindo as orientações da Voga Invest.
Me sinto mais forte, empoderada mesmo. Há alguns anos, não conseguia me imaginar investindo na Bolsa de Valores. Antes, eu tinha um gerente que aplicava o dinheiro para mim. Hoje, posso dizer ‘deixa eu ver o que é bom’.
Ivelise Lomghi, aposentada
A Voga Invest é um escritório de investimentos associado à XP, a maior corretora independente do Brasil. Fundada há três anos pelos sócios Tiago Alvim, João Victor Beze e Daniel Cambraia, a Voga é, atualmente, um dos maiores escritórios de assessoria em investimento do Centro-Oeste com mais de R$ 1 bi sob custódia.
A companhia conta com mais de 50 associados em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte e, em breve, no Sul. “Buscamos pessoas com cabeça de sócio e não simples colaboradores, queremos que as pessoas que entram aqui tenham visão de longo de prazo e queiram ser sócias, queremos entregar valor a elas”, explica Tiago Alvim.
Segundo ele, o grande diferencial da empresa é o foco em investimentos e no atendimento personalizado. “Trabalhamos apenas com investimentos, somos especializados nisso e fazemos bem. Nossa proposta é diferente do Banco tradicional que acaba sendo genérico em tudo. Nossos especialistas atendem no máximo 120 clientes, conhecem todos, tem proximidade e sabem exatamente a necessidade de cada um. Enquanto nos bancos, muitas vezes, um gerente pode chegar a atender mais de 1000 clientes em uma carteira”, pontua.
Ainda de acordo com Tiago, mesmo com o atendimento diferenciado, o custo para o cliente quase sempre é inferior ao cobrado pelos bancos, pois com a grande oferta de inúmeras gestoras e instituições financeiras diferentes, conseguimos achar produtos mais competitivos. Além disso, é possível começar a investir com apenas R$100,00.